Centro de Evangelização

Centro de Evangelização
Seminário de S. José, Oleiros - Felgueiras

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Centro de Evangelização


Os meses de Maio e sobretudo de Junho foram muito movimentados. Multiplicaram-se as actividades materiais e de formação: pavimentou-se o coberto do recreio; colocaram-se cabines nas casas de banho dos quartos; a Equipa de Pastoral vocacional fez um encontro do SEF, no fim de semana de 28 e 29 de Maio; o Conselho Provincial fez aqui uma das suas reuniões; vieram vários grupos de catequese e de colégios para acções de convívio de um e dois dias desfrutando das excelentes condições que a área florestal e a mata oferecem; também vieram os ex-alunos para o seu encontro anual no 1º sábado de Junho e a JMV, 25 anos depois, voltou ao Seminário de S. José para o XXVII Encontro Nacional; a Província escolheu este local para o 1º Foro da Pastoral.

Mas o destaque vai para a reunião de reflexão que aqui fez o Clero da Vigararia de Felgueiras no dia 5 de Maio com a participação da Drª Isabel Varanda, Professora da Universidade Católica. Se o Foro da Pastoral foi marcante e o Encontro Nacional da JMV foi significativo, o dia de reflexão dos 18 presbíteros que servem pastoralmente a zona de Felgueiras, com uma mulher leiga empenhada, a provocar a análise da actividade pastoral dos padres, ajudando a pensar juntos não só as acções que se realizam, como a questão das prioridades e os critérios de acção e de avaliação, foi decisivo. A reflexão feita nesse dia merece uma palavra especial. São os dez ‘mandamentos’ do encontro.

1. Se não houver uma ‘teoria’ (princípios) que dê alma à prática ‘pastoral’, a actividade corre o risco de ficar reduzida a fogo de artifício, talvez umas ‘girândolas’!

2. Para manter o ritmo, o entusiasmo e a perseverança é preciso criar ‘redes’ humanas. Trabalhar em equipa, em rede, unidades pastorais .

3. A primazia pertence à santidade. ‘O futuro da Igreja terá a marca do selo dos santos’ (Bento XVI). Impõe-se o desejo da santidade: educar para a santidade.

4. A CARIDADE como diaconia, continua a ser essencial na Igreja. Assim foi desde sempre. Não se pode reduzir a ‘acções sociais’ nem profissionalizar. Brota do AMOR, é espontânea em cada um e sempre. Onde ela existe marca a diferença. Passa por aí a identidade cristã. A Igreja tem o ministério (serviço) da CARIDADE, da fraternidade. O da solidariedade, é do Estado!

5. Depois há a questão dos tectos. É grande a tentação de ter tectos baixos. A pressão do cansaço, o desgaste da monotonia… Cuidado com a formação dos agentes, específica e permanente!

6. O que me faz viver é Jesus Cristo. As mediações têm o seu lugar como serviço. É bom ter presente que nós não somos apenas natureza: também somos graça. Está na hora de anunciar isto. Este ‘trabalho’ não se faz com palavras; é ‘performativo’ : diz-se com o testemunho, passa pelos gestos e eventualmente as palavras que a Palavra faz nascer como resposta naquele que a acolhe, a saboreia, a medita, habitado por ela. Fazer a ‘biografia crente’. O núcleo é o encontro com o Transcendente. Registar as experiências que marcam.

7. É urgente criar condições para poder parar e reparar, para ver o(s) caminho(s). Também é fundamental criar grupos e harmonizar a organização com a corresponsabilidade e aprender a lidar com a fragilidade. Porque não tentar criar um observatório pastoral onde haja pessoas ‘de fora’ da comunidade cristã? Seria uma boa ajuda para ajudar a fazer o diagnóstico da realidade.

8. Finalmente, seria um sinal de Deus instituir o ministério da visitação. Ajudaria a passar da pastoral da ‘inculcação’ para a pastoral da ‘proposição’. E vamos propor o quê? (Cf EN 40 e GS 76 – rever os métodos).

9. Vai isto na linha do alerta de D. Carlos Azevedo:”A Pastoral não tem sido programada para anunciar o tal fermento do Evangelho, mas para conservar uma vida cristã nos que já a vivem. As pessoas não vivem mais a fé, espera-se que aconteça alguma coisa, que a situação mude. Não se tem a coragem de deixar cair o que já não interessa, na esperança de que algo de novo possa crescer. Há uma clamorosa falta de novidade. A boa notícia do Evangelho, o tal fermento, aparece ressequido, duro, enlatado e em linguagem oleosa”. Então, o que propomos, desafiou Isabel Varanda? Fazem falta flashs de céu. Criar momentos de céu. Fazer conviver na alegria e na paz. Visitar as dores sem as exibir. Ir ao encontro dos torturados pela angústia, pessoas e famílias. Manifestar interesse pelo outro, a começar pelo mais necessitado e abandonado. É imperativo rever a linguagem do anúncio (na teologia, na liturgia, na pastoral). Isto não vai com ‘caldos knors’.(chavões, frases feitas, linguagem estereotipada, sempre mais do mesmo!). O nosso papel é transfigurar. O Pároco é um ‘vigilante’ aí no meio da família paroquial para ajudar os seus irmãos a não se desviarem. Terá de se adaptar aos tempos. Não pode afastar-se dos critérios evangélicos nem largar a lógica do dom. O Testemunho, a evangelização saem da dinâmica da fé, não da natureza nem do engenho. Ninguém precisa de ser archote. Basta ser lamparina, assegurar essa luzinha sempre acesa. Deus não morre, mas pode eclipsar-se. Se a luz pequenina se apagar já não se sabe se está ou não.

10. E, Isabel Varanda terminou o encontro com os Padres da Vigararia de Felgueiras com estas palavras amigas e sábias: ‘cuida de ti para cuidar dos outros!’ Como amar o outro quando se não ama a si mesmo? Ser perfume amável! Redescubram o carácter performativo da linguagem, tirando partido dos espaços privilegiados que temos: locais, festas, celebrações, peregrinações, folclor… substancializar, passando do botão à rosa. As igrejas são o último reduto da hospitalidade: aí pode entrar toda a gente sem qualquer condição. PM

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